quarta-feira, 2 de agosto de 2017

ABRI ESSA PORTA…


ABRI ESSA PORTA…

Um dia falei sobre a solidão…
Disse estar só…E tanta gente ao lado,
E eu… Sentado, fumando um cigarro
Olhando só… para o mundo…
Algo que, ainda hoje, não entendo.
Estava a morrer, doente, acamado
De um problema grave no coração.
Recordo que era essa a imagem
E um pavor enorme de partir.
Tive o sabor amargo da solidão…
E soube o que é estar só, isolado
Entregue há sina, sorte ou fado…
Do peso da vida a que me agarro.
Nesse medo, sentimento profundo
A que, cada dia vivido me prendo.
Senti o desabar, tudo acabado…
Ou mais claramente inacabado.
Na mente, bailava-me a emoção
Confusa, o desalinho do pensamento,
E lembro que nesse preciso momento,
Proferia palavras simples, orações
E não delirava, nem fazia acusações.
Peguei o papel sentei-me na cama,
Abri a caneta de tinta permanente
E deixei voar as ideias ao vento,
Ao sabor, de tantas ilusões emoções…
Ali, escrevi coisas, fiz confissões,
Porque muito tarde seria o amanhã
Que corria breve para essa manhã
De onde não sabia se acordaria…
Se ou não se apagaria a chama….
Meditei, palavra a palavra que escrevia
Queria ousadamente partir com Poesia.
Por isso, quando abri a porta à solidão,
Recordo esse dia de dor no peito,
No corpo pálido, nos braços
E senti que devia deixar ao meu jeito
O adeus em versos e os meus abraços
A essa gente ao lado da minha solidão…
E foi, na memória de versos esparsos
Que abri essa porta fechada um dia,
Trazendo à luz do saber o que sofria
Na dor intensa de tão grande ferida
Que gerei a “reflexão” da minha vida!

Raiz do Monte

02, Agosto, 2017

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