quarta-feira, 31 de maio de 2017

VIVER É PAIXÃO!



VIVER É PAIXÃO!




Viver é paixão!
É Ser o não Ser
Corpo e espírito,
No éter de cada dia,
A íntima abstracção.
É ter festas e mimos
E dar mimos e festas…
Viver é paixão!
É ter o não ter
Conforme o arbítrio,
Metáfora, ironia,
Alimentos da razão…
Lágrimas… quando rimos
Correndo lestas,
Se o sim se tornar não.
Viver é paixão!
É lutar por estar,
Por ver o sol brilhar,
A chuva a cair,
Flores com cores,
No jardim que nos cerca,
Viver é paixão!
Ao bater o coração,
No pulsar das horas,
Estímulo e sensação…
Viver é respirar
É deixar preso o olhar
Ao simples e natural
É demorar, não sair,
Escutar, ouvir
A melodia da vida…
Viver é paixão!
É sentir união,
E sem vergonha,
Repetir pela manhã,
O beijo terno
Ao dizer meu amor…
Viver é paixão!
É poema de canção
Que o desejo componha!
Ou, o apertar da mão,
Na sublime paixão
E na incerteza vã…
De aguardar a despedida…
No adeus para ao amanhã!

Raiz do Monte

30,Maio,2017

terça-feira, 30 de maio de 2017

IRONIA!




IRONIA!


Sinto um grito de revolta,
É que, à nossa volta…
Anda o “diabo” à solta.
É proibido sonhar,
E mais que isso, amar…
Um sítio, a gente, um lugar!
Em nome, não sei de quê,
Da ribalta, vem o que não se vê…
E sabe lá bem Deus, o porquê?
Falar do que quer que seja,
Implica que se viva e veja,
Por isso, a frustração e inveja.
Não é “fadista quem quer”!
Pois o fado impõe e sugere,
As normas onde se insere.
Da vida, de estudo e meditação,
Fica sempre uma singela lição,
O saber, é sentir, o que é Paixão!
Que pena fica… que desilusão…
Por isso vos digo com pena…
Que a alma será pequena
E sempre, se repete a cena!
Não há valor que se assuma
Resta no nada… coisa nenhuma!

Raiz do Monte
29,Maio,2017

Deixo uma nota para deleite de todos com recurso a “António Aleixo” – Poeta popular numa quadra de “Este Livro que Vos deixo”.
Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria.
Mas, dão-me as horas amargas,

Lições de Filosofia!

segunda-feira, 29 de maio de 2017

DAS PALAVRAS…



  DAS PALAVRAS…



As palavras são:
O espelho da alma
O sentido dos sentidos
O pulsar do coração!
As palavras são:
A ira ou, a calma
Dos momentos vividos
A resposta da “razão”…
As palavras são:
A queixa, a mensagem,
De alguém ao nosso lado,
Sem dar tréguas à solidão…
As palavras são:
A rota e traço da viagem
Pelo poema do fado
Desta vida… “A canção”…
As palavras são:
Pérolas de cristal,
Traços, tela, “banho” de cor
Vertente do sonho, visão…
As palavras são:
Símbolos, o bem e o mal,
Ditas de dentro com amor
A suprema expressão…
As palavras são;
A pureza de uma flor
Simples e sublime Paixão!

Raiz do Monte

29,Maio,2017

domingo, 28 de maio de 2017

SIMPLES INSTANTÂNEO




SIMPLES INSTANTÂNEO 



Deixo espraiar a vista
Sobre a paisagem da vida.
Olhos nos olhos,
 Um ponto fixo…
Da grandeza da idade…
Reflexão… Recordação?
A memória do passado.
A estória do ontem no hoje
Talvez até no agora…
Nada pára num segundo
Gira a vida, gera o mundo…
E, enquanto indiferentes,
Passam, deixando emoções,
Fantasias, ilusões…
Tudo é efémero…
Até o Poeta e o Poema…
Fala-se de amor…
E se a vida contém esse valor,
Supremo bem que transcende,
Então ama-se a vida…
Momento a momento
Nas coisas mais simples…
Nos escolhos mais severos…
O instante a seguir é diferente,
Inspira-se, respira-se,
Bem dentro de nós…
O dia desperta, na repetição
Das voltas desta bola gigante
Onde assentamos os pés
E ouvimos o coração bater!
Deixo espraiar a vista
Sobre a paisagem da vida.
Até a esse dia, que lá do etéreo
Relógio “sideral”,
Venha da penumbra esse sinal,
Que apaga e marca
Toda esta viagem passagem…
Num simples instantâneo
Para alguém…mais tarde,
Recordar.
Espraia-se a vista,
Sobre a paisagem da vida!

Raiz do Monte

28, Maio,2017

sábado, 27 de maio de 2017

COISAS SIMPLES



COISAS SIMPLES



Sabes o que é Amor?
Amor é…
Talvez…
Uma Simples Flor,
Ou… Uma borboleta,
Um olhar sobre o mar…
O Horizonte a alargar,
Um espaço na natureza,
Um sítio… Uma lenda
Flores silvestres,
Um pouco de passado…
Sabes o que é Amor?
São pétalas vermelhas
Tão leves e belas!
Como um sonho!
Ou quem sabe…?
Talvez um Poema
Feito de papoilas rubras,
Doces e singelas…
Uma “escada” escondida,
Um rumo sem rumo…
Uma luz que cega,
Ou a flor branca,
No prado mais verde,
Entre um apertar de laços,
Nos dá sentido à vida.
O Amor é isso mesmo.
Ser feliz, com coisas simples!

Raiz do Monte

Julho de 2008

sexta-feira, 26 de maio de 2017

PAISAGEM DA HUMANIDADE



PAISAGEM DA HUMANIDADE 



Abre-se no complexo horizonte,
Uma imensa e larga paisagem,
Aqui, da “Orada do Ferrão”!
No meio austero dos penedos,
Rodeados de urze, tojos e giestas,
Paira o silêncio e a calma
No deslumbre concreto da vista!
Respira-se profundamente a Paz.
Sempre o dote e dom da Natureza…
Genuína artista de tamanha Beleza…
Musa inspiradora, nascente e fonte.
Do sonho concreto de uma viagem.
Começa-se por olhar a imponência,
Depois ver todo o quadro acabado,
E por fim observar à lupa o pormenor.
Lá em baixo corre indiferente o Douro
O leito, ora sufocado, ora livre, no vale
Á frente em baixo a linha férrea
E o encanto bucólico da estação.
Diria que deste lado belo e agreste
Era o “impressionismo” silvestre,
Consumado nas fragas de granito.
Agressivo aos olhos, ao coração!
Habitado por segredos e memórias
Que, podem voar ao vento, lestas
Até a alcançar na outra margem
Os socalcos de xisto, e os vinhedos
Vindos do suor, labor do trabalho,
Duro e penoso de mãos calejadas.
Toda a Harmonia num contraste,
A serra, a vinha, e majestade do rio.
Num cálice de rico vinho “fino”,
Como diz o uso e o preceito,
Fica o retrato para a eternidade…
Tirado e inspirado ao nosso jeito
Da Paisagem da Humanidade!


Raiz do Monte

2017
Recordações de  Infância

quinta-feira, 25 de maio de 2017

HOMENAGEM A MEU PAI




HOMENAGEM A MEU PAI


Recordo sempre essa imagem,
É a minha saudade eterna…
Nos dias que vão passando
Foi o meu exemplo, coragem,
Que me deixou só, na viagem
Que a vida tem de seguir…
Sabes, bom companheiro
Quantas vezes falo de ti,
E te refiro com tanto orgulho
Sem haver volta a dar….
"Lá" onde estiveres, estás comigo,
E sei que olhas por mim
Como o fizeste sempre!
Partiste demasiado cedo,
Confesso, que esse desamparo
Foi desde aí, sentimento raro,
E sei que fiquei com medo.
Guiar-me foi o meu e teu segredo!
O meu melhor amigo da vida…
O meu conselheiro dia-a-dia…
A mão que me amparou,
Aquele que me deu o ser
E sobretudo me ensinou a viver…
Tenho tantas saudades,
Nesta saudade imensa…
E por partires, uma dor intensa
Que jamais me deixou.
Devo-te, tudo o que sou…
E sei que, por palavras, não dou,
Esse tanto que sonhaste para mim...
Ficou no tempo da vida que se esvai…
Permanecem porém as saudades,
E as mágoas que me consomem.
Por saber que foste um HOMEM,
Que por simples e sem vaidades
Com sacrifícios e coragem
Soubeste ser grande, tão grande
Na referência, actos e mensagem.
É tão bom, meu querido Pai,
Evocar-te, nesta humilde Homenagem!

Raiz do Monte

Janeiro de 1986

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Poder Andar





Poder Andar




Percorro a esmo o caminho
Esta estrada, chamada vida
Em busca nem sei de quê...
Sigo só, procurando carinho
A ver se consolo essa ferida
Na saúde aberta, sem porquê!
Repito vezes sem conta
Questiono a razão ao vento
Que me ignora ao passar…
Ai, esta cabeça tonta…
Não consegue esse alento
Do tanto que à vida quer dar.
De meus olhos cai essa água,
Que me escorre pela cara…
Porque uma dor de verdade...
Traz-me acrescida a mágoa
Pela ferida que já não sara,
E aos poucos me leva, o andar,
Com o peso de tanta saudade!

Raiz do Monte

2011

terça-feira, 23 de maio de 2017

SONHOS E DESEJOS




SONHOS E DESEJOS 



É bom poder sonhar,
E guardar recordações,
Do que era e como sou!
Os dias vão a correr…
Indiferentes ao passar…
De momentos e emoções
E pouco de nada ficou,
No tempo que, ao voar,
Foi o sal, sentido e viver.
Que a vida já levou!
Sorrio a essa lembrança,
Que se perde na idade…
Entre sonhos e desejos
Há amor e esperança,
Eternos e doces beijos
Um sorriso de criança
O tal “sabor a saudade”.

Raiz do Monte

2002

segunda-feira, 22 de maio de 2017

A POESIA É LIVRE!

A POESIA É LIVRE!




A Poesia é livre!
Paira sobre os trigais
Passa pelos beirados
Voa como pardais
 Canta como as cotovias!
A Poesia é livre!
Não são finais a rimar,
Nem amores ideais,
Venturas e desventuras
Ou desabafos de momento…
O Poema sai de dentro.
A Poesia é livre!
É imagem paisagem,
Que brota da nascente
Cristalina, água, correntes
Feita de gotas transparentes
A Poesia é livre!
É algo puro e belo
Que fala de raiva e amor
Sem definir fronteiras,
Ou muros e barreiras,
A Poesia é livre!
Sai bem de dentro
Da alma, do pensamento
Porque é tão livre,
Como um sonho ao vento
Porque chora e sorri…
A Poesia, és tu, sou eu,
Somos todos nós
Em plena Sociedade,
Ou perdidamente sós...
No cenário onde estamos,
E se tanto "a" amamos
A Poesia é livre!
Por ser imagem viagem,
Verso, ritmo, miragem
Na beleza da paisagem
À volta dos Seres Humanos!


Raiz do Monte

Maio,1990

domingo, 21 de maio de 2017

HOJE É VIDA…



HOJE É VIDA…




Essa chama trémula e ténue,
Que um leve sopro estremece,
Tem um nome…
Essa frágil semente que germina
E dá origem ao “Ser” que somos,
Tem um nome….
Essa planta que vai por certo florir
E sem saber quando, “murcha” e “seca”,
Tem um nome…
Chama-se VIDA!
Cantem por isso os Poetas!
Aqueles que dizem coisas belas,
Os que a perpetuam no sonho,
E dão cor a este “Vale de Lágrimas!
Hoje, é sempre a incógnita do amanhã…
E o registo passado numa recordação
Hoje, chama-se Vida…

Raiz do Monte

1990

sábado, 20 de maio de 2017

Rotina da Vida



ROTINA DA VIDA


Será que cantar a vida,
E de alegria respirar,
Ter ou não um ideal,
Não será mesmo banal?
Será que poder sorrir,
Ter amor e esperança
Sentidos dentro, no peito,
Serão pecado ou defeito?
Será que ver rir por favor,
Quando se chora para dentro
Não será um ato de amor?
Basta! “Porra de vida” lixada,
Que no pobre, perde respeito,
E por desdém não vale nada!
É que nesta árdua e dura lida
Para o pão de cada dia ganhar,
Às vezes parece tudo anormal…
Já que parece mesmo muito mal…
A quem está no alto do pedestal.
Basta! “Porra de vida” lixada,
Todos os dias lembrança
Nas cenas do pensamento,
Que por dentro consomem…
Basta! Porque não aceito,
Nem acho que tenha jeito,
Pela liberdade de viver,
Negar a qualquer ser
O ter estatuto de “HOMEM”!

Raiz do Monte

1973

sexta-feira, 19 de maio de 2017

OLHAR PESSOA





OLHAR PESSOA





Sabe Daisy
Esta, já não é, a nossa Lisboa
Tal como a via, o nosso “Pessoa”.
Em cada “Poema” foi cantada,
Qual fada, amante e namorada
Que em segredo tanto amava
E com engenho e arte criticava.
Se a pudesse ver agora,
Diria que se perdera, embora
A modernidade tivesse nascido
E o típico, se mudara para fora…
Nem charretes, nem carruagens,
Nem a Sintra, daquelas viagens…
Apenas o Chiado e as imagens.
Tudo o mais, tem “caído”…
Resta, o café, “A Brasileira”,
Onde se vê, Fernando, sentado…
E uma cadeira, vazia, ao lado.
Quase levado na brincadeira
O “turista” tem de se sentar,
Fingindo amena cavaqueira,
Para, numa foto, a recordar.
Sabe Daisy.
Todos falam de Pessoa
E poucos o terão lido!
Mas, é chique, coisa boa…
E esse vão e snobe sentido,
Deixá-lo iam tão aborrecido…
Por tanto amar, Lisboa.
É na Poesia, no Poema
Que sempre se revê e renova
O legado escrito de Pessoa!
Sabe Daisy.
O “prazer de ter um livro
Para ler e não o fazer”.
Era mensagem descrente,
Ao futuro desta nova gente…
Que se afirma e comprova:
-“Que, ler é maçada...
E tudo mais, não vale nada”!

Raiz do Monte

Maio de 2009