sexta-feira, 31 de março de 2017

SER… LIVRE …

Livre,
É o pássaro que canta
E sabe voar.
Sem prisões nem grilhões,
Sem donos e sem portões…

Livre,
É a maravilha,
A festa, a alegria,
A voz, o poema, a canção.
O pulsar de um coração
E o sim e o não.

Livre,
É o horizonte,
O alargar do pensamento
Sem cordas nem peias
Voando ao vento como areias
Sem fronteiras nem barreiras…

Livre,
É a Natureza,
A noite e dia
E a utopia,
Que com o seu saber,
Nos dá livre a beleza,
E ensina a viver
Em liberdade do Ser!


Raiz do Monte (Abril de 1989)

quinta-feira, 30 de março de 2017

AI AMARANTE

Por um sonho és doce amante,
Ao luar moura encantada
De teu nome Amarante
Nasce o amor à terra amada
Dá a serra o mote o tema
Sobre o rio um verde manto
É eterno o teu poema
Tudo em ti quer dizer tanto



Ai Amarante
És mulher no teu carinho.
És criança na ternura
Simples gesto de amizade
Doce Amarante
És da terra o verde vinho
És no beijo que perdura
O desejo na saudade



Foste mãe e em ti nasceu
Uma ilha dos amores
Deste o berço a Amadeu
A poetas e escritores
São Gonçalo no coração,
Vais guardando docemente
P’ra que estenda a sua mão
E proteja a tua gente

Ai Amarante
És mulher no teu carinho.
És criança na ternura
Simples gesto de amizade
Doce Amarante
És da terra o verde vinho
És no beijo que perdura
O desejo na saudade


Raiz do Monte









quarta-feira, 29 de março de 2017

CONSOLO...

Ao menos posso escrever,
Dizer o que penso da vida
E sentir que, o meu viver
Não castra o meu ser,
Nem é beco sem saída!
Assim, no rumo que sigo,
É tão só o meu intuito,
Os momentos que passaram...
Por isso, vos escrevo e digo:
Não chorem por quem, à muito
Já as lágrimas se secaram...


Raiz do Monte


NADA

Amanhã,
Talvez não haja nada.
Sonhos, Amor, Poesia,
Utopia;
Amanhã,
Talvez não haja nada.
Flores, Rios, Crianças,
Esp’ranças;
Amanhã,
Talvez não haja nada.
Tempo, Passado, Presente,
Gente;
Amanhã,
Talvez não haja nada.
O Sol não nascerá na manhã
E até o nada estará ausente,
No “Nuclear “indiferente,
A que haja ou não,
Amanhã!

Raiz do Monte

terça-feira, 28 de março de 2017

O QUE É A VIDA

Já um dia fui Criança,
E tantas coisas que inventei…
Confundo porém na lembrança,
Se as vivi ou se as sonhei!
Depois… Depois fui crescendo,
Esfumou-se a juventude
E tudo se foi perdendo,
Do que a meninice ilude.
Fiz-me Homem adulto,
Rebentei de cansaço…
O mimo tornou-se insulto,
Perdi o paterno regaço.
Porém, porém também amei
E desse amor fiz vida.
Muitas vezes me pergunto o que dei
E se a minha obra não estará perdida.
Cheguei ao que sou hoje,
E à pergunta de uma criança
O que é a vida?
Só poderei responder…
Para mim… para mim, … o tempo foge,
               Mas…, para ela, … para ela, é uma flor de esp’rança.

Raiz do Monte

segunda-feira, 27 de março de 2017

RECEITA IMAGINÁRIA

Primeiro, pega-se na frase
E... parte-se em pedaços.
Talvez em palavras,
Em sílabas e sons...
Deixam-se... a marinar...
O tempo suficiente!
Depois... em lume brando
Vai-se preparando o manjar
Mexendo sempre lentamente
P'ra que não pegue ou...
Se possa esturrar!
Deve ter-se em atenção...
O peso, o aroma e os tons
Sem esquecer de ir provando
Acrescenta-se o sal...
Uma pitada de Pimenta...
E...um pouco de vinho.
Muito importante...
Deve... juntar-se humanidade
E todos os condimentos
Próprios de uma sociedade
Os mais puros ao natural
Conferindo o exacto sabor!
Continue-se a mexer docemente
Está... quase pronto
Mais alguns segundos
E aquilo porque anseias,
Vai abrir em flor...
"Tempos difíceis,
Geram grandes ideias"
Na Invenção do amor!

Raiz do Monte

CÂNTICO A UM POETA

O poeta pinta as palavras!
Dá-lhes cor profundidade
A sua real dimensão
E molda-lhes a forma!
Então, ganham respeito
Dignidade e aquele jeito
Que só quem sonha
Pode fazer do sonho!
Uma a uma
Passam da árida ideia
Ao mundo da beleza
Como só as flores
Dão cor à natureza.
E tornam-se sinfonia
Sobre a tela de papel
Onde foram apostas…
O preto e branco!
Não me venham dizer
Que são simples ilusões
Ou complicadas construções
Que povoavam em si
A própria Loucura,
Porque o Poema nasce
Das suas entranhas
E tantas vezes em lágrimas
Que são cristal em gotas
Puras e amargas,
Sabendo sempre a doce.
A poesia é arte
É expressão de vida
Criança parida
Em parto com dor…
Num ventre escondida
Gerada e sentida
Em supremo amor.
Por isso…
É em verde prado
Sobre a cinza e pó,
Que algures...
Um poeta,
 Vive abandonado
E há-de morrer
Só!

 Raiz do Monte (2011)

É BOM SONHAR

Sentado naquele banco de jardim,
Recordo esses tempos que passaram,
Deixando que o sonho more em mim
E apague as saudades que ficaram….
Primeiro fui criança inocente,
Entrei na ilusão e fantasia
Brincava e corria indiferente,
Há vida que passava dia a dia…



É bom sonhar,
Recordar… ter ilusão,
Sentir bem longe a nossa dor,
Na ternura da idade…..
É bom sonhar,
E deixar… o coração,
Sentir na vida muito amor,
Ao reviver a mocidade…       

Depois, percorri a juventude,
Ardente de aventura e de desejo,
O amor. O encanto e a virtude
Do breve instante do primeiro beijo,
Agora só me resta meditar,
Fazendo da saudade a minha esp’rança,
Fechar os olhos para recordar,
Aqueles doces tempos de criança!




É bom sonhar,
Recordar… ter ilusão,
Sentir bem longe a nossa dor,
Na ternura da idade…..
É bom sonhar,
E deixar… o coração,
Sentir na vida muito amor,
Ao reviver a mocidade…  



Raiz do Monte



sábado, 25 de março de 2017

FANTASIA - HORIZONTE

Vejo o pôr-do-sol sobe o mar,
O êxtase preenche o fascínio…
 Em silêncio, o toque de magia
É mistura de ondas e maresia.
Sob a cor forte e tão intensa
Que quase faz doer o olhar…
Bailam-me no pensamento
As ideias da paixão da vida…
Feridas que tanto magoam
E jamais conseguirão sarar
Na réstia de todo o meu ser.
Ante a paisagem doce e bela,
Estou ali! Sonhos dispersos…
 Buscando sôfrego as ideias
Com que se fazem os versos
E pensando nesse alguém
Em momento de nostalgia…
Amar é lindo ao pôr-do-sol
E sempre que amor se tem…
É loucura, é sabor a desejo
É ter no momento aquele beijo
Que nos enche de ternura.
Olho apenas o horizonte
A luz, quase enfraquecida
Junta-se à espuma do mar
E em breve apaga-se o dia
A penumbra, já esbatida
Nas sombras da uma noite
Onde fico e demoro

Sempre a pensar em ti!

Raiz do Monte 

REFLEXÃO

REFLEXÃO


Penso nas minhas noites de insónia,
Creio que nem sonho, nem durmo…
Preocupam-me apenas as olheiras,
Porque são o espelho do meu olhar…
Marcas de apreensão e de uma vida.
Distante, vago, cigarro nos dedos,
Creio que na existência campónia,
Do ser provinciano que me assumo,
Se vão misturando ilusões e asneiras
Que dia-a-dia já não consigo parar!
É a consciência de existir, sofrida…
É a assunção íntima de todos os medos!
E sem qualquer cerimónia,
Desabafo a revolta que calo, para mim…
No entanto, é nos copos de cerveja
Ou, no Whisky com gelo, quase sem sabor…
Que abato estes receios e temor.
Sem dúvida, sou o tolo porreiro,
Igual à insanidade deste nosso mundo,
No mais vulgar respeito e consideração,
Pergunto-me então, se são mesmo assim
As profundas razões de tanta inveja
Com que me dão o meu mesquinho valor,
E o tal modo subtil sempre interesseiro
Que me ofende e  toca bem fundo
Roubando-me o direito à minha razão.
Por isso, atrás de um, vem outro cigarro,
Um turbilhão de fumo bem cinzento…
A mão, tímida, posta sobre a boca
A expressão tensa e carregada da face
E o silêncio que fala sem querer,
No aceno do sim, à minha discordância…
Entro num jogo oposto, mesmo bizarro
O adequado e agradável ao momento
Satisfazendo mais uma cabeça oca…
Ansiosa de protagonismo e realce
Mas deficiente no mais elementar saber
E prenha da mais profunda ignorância.
É por isso que me perturba a tristeza,
E me magoa essa imensa ingratidão
Daqueles que na sua elevada vaidade
Me julgam como um pobre e vil coitado
Digno de pena e até quem sabe, de dó,
Perante a elite do jogo político imundo.
Eu, que sou a incerteza na certeza,
Abro a todos o meu pobre coração,
Sabendo não mudar na minha idade
E estar irremediavelmente isolado.
Tanta gente ao lado e eu estou só,
Sentado, fumando um cigarro e olhando o mundo.

Raiz do Monte (Maio 2002)

sexta-feira, 24 de março de 2017

JULGAMENTO

Não me censurem pelos meus defeitos,
Pelos meus erros, e preconceitos…
Porque não existem homens perfeitos…  


                                                        Raiz do Monte (Março 2017)

"VELHA NEGRA"


A esta hora,
Já nem medito!
Apenas, ensaio
Pensamentos... 
Um turbilhão de ideias...
Quiçá... Incertezas!
Entro no café,
Peço uma bica.
Sussurro para mim...
Quero ficar acordado...
Quero viver...
Estar à espera,
À espera nem eu sei
De quê...
De notícias?
Ou...Talvez
De mais umas horas
Sem os olhos fechados
E a "dormir"...
O "medo" eterno
A condenação...
Bebo-o sofregamente
E, regresso.
Malditas notícias...
Nem elas... me ...
Conferem a paz.
Dói-me o peito
E conheço a dor...
Conheço-a tão bem
E de cor!
Os braços...
Não têm posição!
Em mais que isso..
Dói-me
Sobretudo a alma!
Essa, dói mesmo.
Nas recordações...
Olho para trás...
Para onde nunca se deve olhar
Mas onde nunca cheguei.
E confesso que não sei 
Se poderei chegar.
Pára! Relógio...
Pára para o tempo
Que entre os dedos
Escapam-se os sonhos
E tudo!
Levanto-me...
Belisco-me
Acendo um cigarro
Aspiro fortemente...
E os novelos de fumo, esvoaçam...
Ansioso,
Olho em frente
Ali... Apenas uma parede
Branca, Fria...
E por todo o lado 
Dança o inferno
A "velha negra"
A morte.
Depois... depois...
Não me digam
Coisa alguma
Não vale a pena...
Estou certo
Ficará o nada...

Raiz do Monte (Maio de 2002)

quinta-feira, 23 de março de 2017

José Marques da Costa PARTIU...




José Marques da Costa


Poema de Homenagem a José Marques da Costa no dia em que "Partiu"



Meu Caro,
José Marques da Costa,
Caiu o pano do último ato,
Sobre a peça da tua vida!
Que aplauso da assistência…
Por esse teu enorme talento.
As lágrimas saltaram nos olhos,
Depois, foi o silêncio na plateia.
A saber a pouco quando se gosta…
E sem adivinhar ou até saber,
O palco da vida foi muito ingrato…
Quando te pregou a tal partida,
Relembrando que a existência,
Dura o tempo de um momento,
Por esse labirinto de escolhos…
Feito do bulício que nos rodeia,
A que os Homens chamam viver.
Sabes Zé Marques da Costa,
Não é o cântico negro de Régio,
Por ti declamado como ninguém,
Que hoje tem esse sabor a saudade,
Mas, o pai, o avô o grande amigo
Que quiçá cansado decidiu partir,
Traído pelas leis de tal caminho,
Que o ser humano, não pode vencer,
E foi um vendaval que se soltou,
Sempre nos disseste, estou aqui
Mas, a loucura serena dessa aposta,
Que foi p’ra todos nós um privilégio,
Mostrou o lado bom que a vida tem
E essa grandeza que fica na eternidade,
Partiste e não merecias tal castigo,
Mas, estás aqui ao lado, a cantar,
A sorrir, uma chama viva de memória,
Um carinho que, jamais alguém
Poderá esquecer… Quando dizias,
Não sei para onde vou…
Sei que não vou por aí!

Raiz do Monte


SOU

Sabes...
Gostava de guardar um sorriso…
E, senti-lo como se fosse real
Nos lábios… ardendo de desejo
Na ternura de um abraço!
Eu sei, sou…
Tímido, talvez… indeciso…
Como uma gota desse sal…
Réstia … que fica de um beijo
Deixando o brilho do olhar, baço…
Mas…
Tudo é mais que um sonho.
Por isso, imagino e suponho…
O que te digo!
Enquanto tu, por castigo,
Me dizes…
Seu …Tonto…
Conforto de infelizes…
Sou-o tão só e… pronto!



Raiz do Monte

terça-feira, 21 de março de 2017

LISBOA MEU POEMA POR FAZER

Viu partir as “Caravelas”,
Para terras d’ Além-Mar,
Com o vento p’la proa,
Junto à Torre de Belém.
Avistou mastros e velas,
Lá longe no Alto-Mar,
Com os “ Filhos de Lisboa,
Regressando ao lar à mãe.

Viu Canoas lá no Tejo,
O Castelo, os Monumentos,
Os seus Bairros nas Colinas
E o “Fado” a nascer…
Satisfez o seu desejo,
Recordando outros tempos,
Na voz doce das Varinas,
Nos “Pregões” ao amanhecer.

Lisboa,
Meu poema por fazer,
Minha tela por pintar,
Meu sorriso de esperança;
Lisboa,
Meu encanto, meu prazer,
És um sonho a começar,
És um gesto de Criança.

Recordou a velha Alfama,
Bairro-Alto e Mouraria,
Bebeu “Ginja” no Rossio
E “Cacau” no Cais-Sodré.
Vestiu roupas de Alta-Dama,
Reviveu a “Fidalguia”,
E depois olhando o rio.
O “recado de Villaret”.

Do passado ao presente,
Nos recantos e vielas
Evocou sua memória,
E a “Lenda” popular.
Bem moderna e dif’rente,
Vem Lisboa às Janelas,
P’ra marcar na sua História
O futuro ao iniciar.





Raiz do Monte

ADEUS CANOA



ADEUS CANOA





Essa canoa do Tejo,
Que um dia, partiu à toa
Fez-se ao mar, saiu a barra,
Sulcou as ondas revoltas,
Escutando em notas soltas,
O trinar d’uma guitarra;
Que falava do desejo,
De voltar a ver Lisboa.


Adeus,
Cais da Ribeira,
Amante da vida inteira,
Minha razão de viver.
Adeus,
Velhas escadinhas,
Onde os pregões das varinas,
São o doce amanhecer.


Como ave ferida de morte,
Sentindo afundar a proa,
Entregou seu leme a Deus,
Já cansada deste “mundo”,
Tão distante, tão profundo…
Vela erguida ao vento norte,
P’ra dizer naquele “adeus”…
As saudades de Lisboa.



Raiz do Monte

A VIDA É ASSIM



É a vida uma quimera
Estrela de boa ou má sorte,
Livro das quatro Estações
É primeiro Primavera,
Esse tempo em que é mais forte,
O sentir das emoções
Passam anos, vão-se os dias
E em cada coração
É mais forte seu bater
Há tristezas alegrias,
Caminhando pelo Verão
Com a força de viver


Mas a vida é assim,
Uma história incompleta,
De amar e viver
Um princípio e um fim,
A canção de um poeta,
Um Poema a escrever.



Vem depois a tal saudade
Do que a vida já levou
E só resta recordar
São as marcas da idade
Do Outono que chegou
De uma vida a terminar
Foi a Vida uma quimera
Breve tempo que perdura
No silêncio de um jardim
Repensando a Primavera
Nos momentos de ternura
Do Inverno que é o fim.

                                                                                   Raiz do Monte