Há gente na praia, dizendo adeus,
Acenando os lenços, aos seus,
Que nas naus vão partir, à sorte,
Há velhos e mães, sofrendo de dor
E noivas que guardam, amor
Por quem vai enfrentar, a morte!
Ao longe as velas já vão, fugindo,
E a estrada do mar, abrindo,
Entre “monstros” e “gigantes”,
Dobram-se cabos da ”esperança”,
Vai-se o breu, vem a bonança,
Chegam a “Terras” distantes!
Em cada
dia que passa,
Mais
longe do lar…
Só a
incerteza e saudade,
O querer
regressar!
Povo de raça e cor, diferente,
Ao credo de Deus, descrente…
Nesses reinos, do Oriente…
Ouro, canela, marfim…riqueza,
Ninfas, mulheres, beleza,
Sob este Sol de “ouro quente”!
De porões cheios, voltámos ao mar…
Bem mais certos de chegar,
Escapando à “peste” e tormenta,
De nós ficaram nomes, “padrões,
Vencemos procelas e monções,
“Mais que a nossa força aguenta”.
Em cada
dia que passa,
Mais
longe do lar…
Só a
incerteza e saudade,
O querer
regressar!
Rostos, famintos, cansados,
doentes,
Os corpos vergados, mas crentes,
Já ninguém arreda da proa,
Como miragem a terra, quimera,
Qual mãe que um filho, espera,
Por fim avistámos, Lisboa!
Raiz do Monte
Novembro de 1984
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